[França] Quando os comunistas atiraram nos anarquistas

Há 100 anos, em 11 de janeiro de 1924, uma reunião convocada pelo Partido Comunista Francês foi realizada na sede da CGT Unitaire. Durante a reunião, comunistas e anarquistas entraram em conflito, primeiro verbalmente, depois com punhos e armas. Dezenas de pessoas ficaram feridas e dois anarquistas foram mortos.

Foi a primeira vez na França que trabalhadores atiraram em outros trabalhadores. Sylvain Boulouque analisa esse evento histórico em seu livro recentemente publicado, Meurtres à la Grange-aux-Belles. Essa é uma investigação real que nos permite acompanhar as causas e as consequências dessa noite trágica. Com base em artigos publicados na imprensa da época (incluindo L’Humanité e Le Libertaire), além de vários relatos de testemunhas oculares e relatórios policiais, o autor nos leva diretamente ao centro dos acontecimentos. Lemos o apelo do PCF no L’Humanité para que seus ativistas participassem da reunião, e o artigo no Le Libertaire conclamando os anarquistas a enfrentar a oposição em nome da independência sindical (33 rue de la Grange-aux-Belles era a Maison dos sindicatos e não as instalações de qualquer partido político).

Esse seria o clímax da oposição entre comunistas, de um lado, e anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários, de outro.

O subtítulo do livro diz: “Quand les communistes flinguaient les anarchistes” (“Quando os comunistas atiraram nos anarquistas”). A investigação de Sylvain Boulouque mostra que foram de fato dois militantes comunistas (cujos nomes são revelados) que abriram fogo contra os anarquistas. Mas o PCF emitiu um comunicado à imprensa culpando os anarquistas. A distorção da verdade já era uma prática comum nos partidos comunistas de todo o mundo. Na França, essa prática de “mentiras desconcertantes” gradualmente permitiu que o PCF assumisse o controle do movimento sindical, desrespeitando a Carta de Amiens (1906) e a independência dos sindicatos em relação aos partidos políticos, uma independência defendida pelos anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários.

O livro de Sylvain Boulouque é um admirável trabalho de pesquisa que nos permite entender o que foi, na época, um verdadeiro trauma para o movimento libertário.

Ramón Pino

Grupo Salvador Seguí

Meurtres à la Grange-aux-Belles

Sylvain Boulouque

Éditions du Cerf

21 euros

Fonte: https://monde-libertaire.net/?articlen=7691&article=QUAND_LES_COMMUNISTES_FLINGUAIENT_LES_ANARCHISTES

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