Por Parwana Amiri
Parwana Amiri é uma jovem do Afeganistão que viveu no acampamento de Moria junto de sua família após chegarem em Lesbos em Setembro de 2019. Enquanto esteve lá, ela escrevia sobre suas experiências. Muitas vezes à noite, quando as outras oito pessoas com quem ela compartilhava uma tenda estavam dormindo. Alarmphone publicou seu primeiro livro.
Moria pode ter sido queimado, mas um novo acampamento foi erguido. Até agora, não houve nenhuma mudança na política europeia. Enquanto for assim, as vozes de pessoas corajosas como Parwana precisam ser ouvidas.
“Coloque-se no nosso lugar! Nós não estamos seguros em Moria. Não escapamos de nossa terra natal para ficarmos escondidos e presos. Não cruzamos as fronteiras e arriscamos nossas vidas para viver com medo e no perigo.
Coloque-se no nosso lugar! Você conseguiria viver em um lugar, que você não possa andar sozinho nem mesmo quando você só quer ir para o banheiro. Você conseguiria viver em um lugar, onde há centenas de menores desacompanhados que ninguém consegue impedir de tentarem se suicidar. Onde ninguém consegue parar de beber. […]
Nessa situação, a primeira coisa que me vem à mente é te dizer: nós não viemos para a Europa por dinheiro, e nem para ser cidadãos europeus. Foi apenas para respirar um dia em paz.
Em vez disso, centenas de menores de idade aqui se tornaram viciados em drogas, mas ninguém se importa.
Cinco seres humanos queimados, mas ninguém se importa.
Milhares de crianças não tomam suas vacinas, mas ninguém se importa.
Eu estou escrevendo para você compartilhar e espero por mudanças…”
Parwana Amiri
Em suas cartas, Parwana se coloca no lugar de pessoas diferentes que vivem no acampamento: uma jovem adolescente como ela, vivendo em um espaço lotado junto de homens estranhos; uma idosa que luta por seu marido doente; uma pessoa transgênero; um jovem menor de idade desacompanhado; uma mãe e esposa de um homem paralítico.
Com uma empatia sem fim, Parwana fala sobre o sofrimento cotidiano, os sonhos e crenças das pessoas ao seu redor. Este é um forte depoimento do coração da falha da Europa, escrito por uma jovem escritora talentosa que não só está ciente das emoções das pessoas ao seu redor, mas também do mundo em que vivemos, que constantemente reproduz a exclusão e a degradação.
“Pare de mentir e fingir que as pessoas estão seguras aqui. Pare de dizer que a Europa é um lugar melhor, quando ela é apenas melhor para alguns e nem mesmo é acessível para outros.
Minha caneta não quebrará até que nós tenhamos encerrado essa história de desigualdade e descriminação entre a espécie humana. Minhas palavras sempre irão romper as fronteiras que vocês construíram.”
Parwana Amiri
O livro completo está disponível aqui:
http://lesvos.w2eu.net/files/2020/04/broshure-Letters-from-Moria-202002-screen.pdf
Tradução > Brulego
Conteúdos relacionados:
agência de notícias anarquistas-ana
Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh’alma.
Teruko Oda
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...