[Chile] Santiago: 38º dia de Revolta Social

25 de novembro de 2019

A REVOLUÇÃO SERÁ FEMINISTA OU NÃO SERÁ!

Com este grito, numerosas marchas percorreram as cidades do país. Em uma jornada de luta marcada pelo dia contra a violência patriarcal. As manifestações ficaram cheias de lenços verdes, bandeiras roxas e anarco-feministas.

Uma performance, chamada “Um estuprador no seu caminho”, do coletivo Lastesis, aconteceu no Passeio Ahumada, nos Tribunais de Justiça, no Ministério da Mulher e da Igualdade de Gênero, na Praça de Armas e na Primeira Delegacia de Santiago.

As manifestações são descentralizadas e diversificadas, as violações de lacaios (com ou sem uniforme) e a violência político-sexual são a principal e mais urgente causa dos protestos.

Feministas expulsam um grupo de policiais das forças especiais ao grito de “Paca não é meu parceiro”.

Os nomes dos mortos durante a Revolta são ouvidos em voz alta: Daniela Carrasco, Paula Lorca Zambrano, Mariana Diaz Ricaurte, Valeska López Carmona e Albertina Martinez Burgos.

A maioria das pessoas desaparecidas nos últimos 38 dias são mulheres jovens, seus corpos ainda são vistos pelos uniformizados como espólios de guerra. Feministas autônomas somam em quatro pessoas desaparecidas, o número deve, sem dúvida, ser muito maior.

O relatório da “Human Rights Watch” é claro e contundente, no Chile os direitos humanos são violados e enfatizam a violência sexual contra as mulheres e a dissidência sexual. Eles listam desnudamentos, toques e estupros em delegacias de polícia.

O Presidente da República promove um projeto de lei para que os milicos cuidem da “infraestrutura crítica”. Uma proposta clara para continuar militarizando a sociedade.

O senador Allamand (RN) declara: “Jamais apoiaremos violações de direitos humanos, mas sem elas é impossível normalizar o país”. Provando mais uma vez que, para muitos, a propriedade privada está acima da vida.

A Praça da Dignidade é revestida de branco e verde, numa tentativa patética de apagar as pichações da Revolta. Os adoradores da polícia escrevem slogans em apoio à polícia, a intervenção termina com provocações maciças.

O povo rechaça as forças da ordem em um restaurante popular no Bairro Franklin. Os clientes alertam que, se atenderem à polícia, eles se retiram. Os policiais são atendidos e todos os clientes saem do local sem pagar a conta, deixando-os absolutamente sozinhos.

Várias estações de metrô são fechadas por evasões massivas de estudantes.

No fim de semana, manifestantes invadem o shopping Portal de La Dehesa, clientes ricos mostram seu ódio, desprezo e classismo. Golpes e insultos de gerentes e empresários contra “zé-povinho e comunistas que querem tudo de graça” gera ampla repercussão.

Nesta segunda-feira, manifestantes protestaram novamente dentro do shopping, do lado de fora um policial sacou sua arma de serviço para ameaçar aqueles que protestavam. No mesmo lugar, um civil disparou uma arma de dentro de seu carro Audi para assustar a multidão. Ele será processado por tentativa de assassinato.

Na Praça da Dignidade continuam os confrontos com os lacaios. Ataque à delegacia de Pudahuel teria deixado um policial ferido por bala.

Em Punta Arenas, um motorista atropela um policial e foge. Segue fugitivo. Houve uma tentativa frustrada de incendiar a casa do chefão dos carabineiros de Curicó, duas pessoas foram detidas.

Saques e destruição contra o Cantão de Recrutamento em Puerto Montt. O mausoléu do genocida do povo Selknam em Punta Arenas é atacado.

O documentário “Rio Sagrado” em homenagem ao jovem mapuche Camilo Catrillanca é disponibilizado na internet.

Uma manifestação pelos presos e presas da Revolta é convocada para quarta-feira, dia 27, às 17 horas, do lado de fora do centro de (in)justiça.

O consulado do Chile em Munique, na Alemanha, foi pichado com o slogan “Fogo a todos os Estados!”, ao lado de um A de anarquia.

Daqui, reiteramos…

FOGO A TODOS OS ESTADOS E QUE VIVA A ANARQUIA!

N.T.

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agência de notícias anarquistas-ana

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no alto da montanha
a solitária árvore

Alonso Alvarez